As cidades de Santos e Praia Grande, localizadas na Baixada Santista, litoral de São Paulo, são destinos turísticos consagrados, atraindo milhões de visitantes anualmente com suas praias, como Gonzaga e Boqueirão em Santos, e Vila Tupi e Ocian em Praia Grande. Santos, coração do maior porto da América Latina, combina história, cultura e uma vibrante orla, enquanto Praia Grande destaca-se pelo turismo familiar e eventos como o Festival de Verão.
No entanto, o início de 2025 foi marcado por um surto de virose que atingiu essas cidades, sobrecarregando unidades de saúde e gerando preocupação entre moradores e turistas. Identificado como causado pelo norovírus, o surto provocou sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e dores abdominais, afetando milhares de pessoas, com 2.264 atendimentos em Santos e mais de 7.000 em Praia Grande apenas em dezembro de 2024.
O surto de virose está ligado a fatores sazonais, como aglomerações durante as festas de fim de ano, altas temperaturas e problemas de saneamento, com praias como Boqueirão, em Santos, e Vila Tupi, em Praia Grande, classificadas como impróprias para banho pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A contaminação por esgoto clandestino e chuvas intensas, que arrastam poluentes para o mar, agravaram a disseminação do norovírus, transmitido principalmente por via fecal-oral, através de água e alimentos contaminados.
A situação expôs fragilidades no saneamento básico da Baixada Santista, onde cerca de 50% do esgoto ainda é despejado sem tratamento adequado, segundo estudos regionais. Este artigo analisa o impacto do surto de virose em Santos e Praia Grande, explorando suas causas, os desafios enfrentados, as medidas preventivas recomendadas e as perspectivas para proteger a saúde pública e o turismo na região.
As autoridades de saúde, incluindo a Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP) e o Instituto Adolfo Lutz, confirmaram o norovírus como o principal agente do surto de virose, com amostras de fezes coletadas em pacientes das duas cidades. A resposta incluiu reforço nas equipes de saúde, investigação epidemiológica e orientações para a população, como higiene rigorosa e consumo de água potável.
No entanto, desafios como a sobrecarga do sistema de saúde, a escassez de medicamentos e a resistência do norovírus em ambientes aquáticos persistem. Com o turismo sendo vital para a economia local — Santos recebeu 1 milhão de cruzeiristas na temporada 2024/2025, e Praia Grande teve picos de 2 milhões de visitantes no Réveillon —, o surto de virose ameaça a imagem das cidades como destinos seguros. Este artigo oferece um guia prático para se proteger, ao mesmo tempo em que avalia como Santos e Praia Grande podem superar esse desafio e garantir um futuro mais resiliente.

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Causas e Impactos do Surto de Virose
Origem do Norovírus e Fatores de Disseminação
O surto de virose em Santos e Praia Grande foi desencadeado pelo norovírus, um agente viral altamente contagioso responsável por gastroenterites agudas, identificado pelo Instituto Adolfo Lutz em amostras de fezes de pacientes. O norovírus é transmitido principalmente por via fecal-oral, através do consumo de água ou alimentos contaminados, contato com superfícies infectadas ou interação direta com pessoas doentes.
Em Santos, praias como Gonzaga e José Menino foram classificadas como impróprias para banho em 38 de 175 monitoramentos da Cetesb em janeiro de 2025, devido à presença de bactérias indicativas de esgoto, como Escherichia coli. Em Praia Grande, praias como Aviação e Vila Mirim também apresentaram condições inadequadas, agravadas por chuvas intensas que sobrecarregam o sistema de esgoto e arrastam poluentes para o mar.
Fatores sazonais contribuíram significativamente para o surto de virose. As aglomerações durante o Réveillon, com cerca de 2 milhões de turistas em Praia Grande e 1 milhão em Santos, facilitaram a transmissão do vírus, especialmente em ambientes como praias e quiosques. A falta de higiene, como mãos não lavadas antes de comer, e o consumo de alimentos de procedência duvidosa, como espetinhos e raspadinhas, aumentaram os riscos.
Além disso, cerca de 50% do esgoto na Baixada Santista é despejado sem tratamento, segundo estudos citados pela Oleak, favorecendo a contaminação da água do mar. O surto de virose resultou em 2.264 atendimentos em UPAs de Santos em dezembro de 2024, com mais 273 nos primeiros dias de 2025, enquanto Praia Grande registrou 7.000 atendimentos em 48 horas, evidenciando a escala do problema.
Impactos na Saúde Pública e no Turismo
O surto de virose sobrecarregou o sistema de saúde em ambas as cidades, com filas de até quatro horas em UPAs, como a Rodoviária em Praia Grande, e escassez de medicamentos, como analgésicos e soluções de reidratação, em farmácias locais. Os sintomas, que incluem náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais e febre baixa, duram de um a três dias, mas podem levar à desidratação severa, especialmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades. Um caso grave em Praia Grande resultou na morte de uma mulher de 29 anos em janeiro de 2025, após retornar de uma viagem à região, destacando os riscos do surto de virose para públicos vulneráveis.
O turismo, pilar econômico de Santos e Praia Grande, também foi impactado. A classificação de praias como impróprias e os relatos de virose nas redes sociais geraram receio entre visitantes, embora 123.251 veículos tenham seguido para o litoral entre 3 e 4 de janeiro de 2025, segundo a Ecovias. Quiosques e restaurantes nas orlas, como os da Praia do Boqueirão em Santos e da Ocian em Praia Grande, reportaram quedas no faturamento, enquanto hotéis enfrentaram cancelamentos em janeiro.
O surto de virose expôs a necessidade de melhorias no saneamento e na comunicação de alertas de balneabilidade, já que muitos turistas ignoraram as bandeiras vermelhas da Cetesb, aumentando a exposição ao norovírus. A imagem das cidades como destinos seguros está em jogo, exigindo ações rápidas para conter o surto e restaurar a confiança dos visitantes.
Ações de Resposta e Prevenção
Resposta das Autoridades de Saúde
As prefeituras de Santos e Praia Grande, em conjunto com a SES-SP, implementaram medidas emergenciais para conter o surto de virose. Em Santos, a Secretaria Municipal de Saúde reforçou as equipes nas três UPAs, atendendo 2.264 casos em dezembro de 2024 sem necessidade de internações, e intensificou a distribuição de soro oral.
Praia Grande ampliou o horário de funcionamento de unidades como a UPA Rodoviária e reforçou o quadro de médicos e enfermeiros, reduzindo o tempo de espera de quatro para duas horas em algumas unidades. A SES-SP orientou os municípios a realizar coletas de fezes dentro de cinco dias do início dos sintomas para identificar o patógeno, com o Instituto Adolfo Lutz confirmando o norovírus em amostras de ambas as cidades.
A Sabesp, notificada por suspeitas de vazamentos de esgoto, afirmou que os sistemas de água e esgoto da Baixada Santista operam normalmente, mas reconheceu que chuvas intensas sobrecarregam as redes, já que 45 mil imóveis em Praia Grande possuem ligações irregulares. A Cetesb intensificou o monitoramento da balneabilidade, publicando boletins semanais no site e instalando bandeiras de sinalização nas praias.
Além disso, mutirões de limpeza, como os promovidos pelo Instituto EcoFaxina, coletaram resíduos nas orlas de Santos e Praia Grande, enquanto campanhas educativas, como a “SP Ocean Week 2024”, reforçaram a importância da higiene. Essas ações visam mitigar o surto de virose a curto prazo, mas dependem de melhorias estruturais no saneamento para prevenir novos episódios.

Medidas de Prevenção para a População
Proteger-se do surto de virose requer cuidados simples, mas rigorosos, recomendados por especialistas como a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas. A higiene das mãos é a principal medida: lavar as mãos com sabão por pelo menos 20 segundos antes de comer, após usar o banheiro e ao manipular alimentos, especialmente em praias e quiosques.
Evitar o consumo de água do mar durante banhos é crucial, já que o norovírus pode ser ingerido ao mergulhar em praias impróprias, como Vila Tupi ou José Menino. Consultar o boletim de balneabilidade da Cetesb, disponível no site ou em placas nas praias, ajuda a identificar locais seguros para banho, e é recomendado evitar o mar 24 horas após chuvas intensas.
No consumo de alimentos, priorize água filtrada, mineral ou fervida e evite gelo, sucos, “raspadinhas” ou lanches de procedência desconhecida, como milho ou espetinhos vendidos na praia. Levar lanches caseiros em passeios e manter alimentos refrigerados reduz o risco de contaminação. Em caso de sintomas, a hidratação é essencial: ingerir água, soro caseiro ou isotônicos, como Gatorade, para repor sódio e potássio perdidos na diarreia.
Medicamentos para náuseas ou vômitos, como os sublinguais, devem ser usados apenas com orientação médica. Pessoas com sintomas persistentes ou sinais de desidratação severa (boca seca, tontura, urina escassa) devem procurar uma UPA imediatamente. Evitar contato próximo com outras pessoas durante o surto de virose minimiza a transmissão, especialmente em aglomerações.
Desafios e Perspectivas Futuras
Obstáculos no Controle do Surto
O controle do surto de virose enfrenta desafios estruturais e comportamentais. A infraestrutura de saneamento na Baixada Santista é insuficiente, com 50% do esgoto despejado sem tratamento, segundo a Oleak, e ligações clandestinas em cerca de 45 mil imóveis em Praia Grande, conforme a Sabesp. Obras para ampliar a cobertura de esgoto, previstas para atingir 95% até 2028, exigem investimentos milionários e coordenação entre prefeituras, Sabesp e governo estadual.
Chuvas intensas, comuns no verão, sobrecarregam as redes, arrastando esgoto para o mar e dificultando a manutenção da balneabilidade. A resistência do norovírus a desinfetantes e sua capacidade de sobreviver em superfícies e água agravam a disseminação, exigindo vigilância contínua.
Comportamentalmente, a falta de adesão às medidas preventivas é um obstáculo. Muitos turistas ignoram alertas da Cetesb e frequentam praias impróprias, enquanto o consumo de alimentos de quiosques sem higiene adequada persiste. A comunicação dos boletins de balneabilidade precisa ser mais acessível, com placas claras e campanhas em redes sociais.
A sobrecarga das UPAs e a escassez de medicamentos, relatadas em farmácias de Santos e Praia Grande, destacam a necessidade de estoques reforçados no verão. O surto de virose expôs a urgência de uma abordagem integrada, combinando infraestrutura, educação e fiscalização para proteger a saúde pública e o turismo.
Perspectivas para Prevenção e Recuperação
As perspectivas para superar o surto de virose e prevenir novos episódios são promissoras, mas exigem compromisso de longo prazo. Investimentos em saneamento, como a modernização das redes de esgoto e a fiscalização de ligações clandestinas, são essenciais para reduzir a contaminação das praias. A Sabesp planeja expandir testes com corante para identificar vazamentos, enquanto a Cetesb pode adotar tecnologias de monitoramento em tempo real para alertar banhistas.
Projetos regionais, como o plano de despoluição da Baixada Santista, podem beneficiar Santos e Praia Grande, inspirando-se em modelos como o da Baía de Guanabara, que avançou na coleta de esgoto após anos de esforços.
A educação ambiental é igualmente crucial. Campanhas como a “SP Ocean Week” devem ser ampliadas, envolvendo escolas, turistas e comerciantes em ações de conscientização sobre higiene e descarte de lixo. A experiência de Florianópolis, que reduziu casos de virose em 2025 com placas claras de balneabilidade e mutirões de limpeza, pode servir de exemplo.
A recuperação do turismo depende de restaurar a confiança dos visitantes, com praias certificadas como seguras e eventos como o Festival de Verão de Praia Grande promovendo a imagem de destinos saudáveis. A longo prazo, o surto de virose pode catalisar melhorias estruturais e comportamentais, transformando Santos e Praia Grande em modelos de turismo sustentável, onde saúde pública e lazer caminham juntos.

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Conclusão
O surto de virose que atingiu Santos e Praia Grande no início de 2025, causado pelo norovírus, expôs os desafios de saúde pública e saneamento na Baixada Santista, mas também abriu oportunidades para transformações positivas. Com mais de 2.264 atendimentos em Santos e 7.000 em Praia Grande em dezembro de 2024, o surto sobrecarregou UPAs, gerou escassez de medicamentos e impactou o turismo, com praias como Gonzaga e Vila Tupi classificadas como impróprias para banho.
A transmissão do norovírus, impulsionada por esgoto clandestino, chuvas intensas e aglomerações, destaca a urgência de melhorias no saneamento, com 50% do esgoto da região ainda despejado sem tratamento. A resposta das autoridades, com reforço nas equipes de saúde, coletas de amostras e campanhas educativas, foi essencial, mas insuficiente sem mudanças estruturais.
Proteger-se do surto de virose exige ações práticas: lavar as mãos rigorosamente, evitar água do mar em praias impróprias, consumir apenas água potável e alimentos de fontes confiáveis, e buscar hidratação imediata em caso de sintomas. Autoridades recomendam consultar os boletins da Cetesb e evitar banhos 24 horas após chuvas, enquanto médicos alertam para a importância de atendimento rápido em casos graves.
Os desafios, como a infraestrutura deficiente e a resistência do norovírus, exigem investimentos em saneamento, fiscalização de ligações clandestinas e educação ambiental. A experiência de cidades como Florianópolis mostra que a combinação de infraestrutura e conscientização pode reduzir surtos futuros.
A longo prazo, o surto de virose pode ser um marco para Santos e Praia Grande, impulsionando a modernização do saneamento e a promoção de um turismo mais seguro e sustentável. A recuperação das praias, com balneabilidade garantida, e a valorização de eventos culturais, como o Festival de Verão, fortalecerão a economia local, que depende dos milhões de visitantes anuais.
Com parcerias entre prefeituras, Sabesp, Cetesb e a comunidade, as cidades podem superar o surto de virose, transformando um desafio em uma oportunidade para reafirmar seu papel como destinos icônicos do litoral paulista. Proteger a saúde pública e o turismo é um compromisso coletivo, que começa com higiene, informação e um olhar atento para o futuro da Baixada Santista.