Guarujá, conhecida como a “Pérola do Atlântico”, é um dos destinos turísticos mais procurados do litoral de São Paulo, situada na Ilha de Santo Amaro, a apenas 90 quilômetros da capital. Com suas 27 praias, como Pitangueiras, Enseada e Pernambuco, a cidade atrai milhões de visitantes anualmente, especialmente famílias e turistas de fim de semana vindos de São Paulo pela Rodovia dos Imigrantes.
O turismo é a espinha dorsal da economia local, complementado por atividades portuárias e um mercado imobiliário aquecido, que capitaliza a proximidade com a maior metrópole do Brasil. Em 2025, Guarujá está no centro de uma transformação com o anúncio de que o Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá começará a operar voos comerciais em 2026, um marco que promete redefinir a acessibilidade e o potencial turístico da cidade.
O Aeroporto de Guarujá, localizado próximo à Base Aérea de Santos, concluiu a primeira fase de obras em abril de 2025, com uma pista de 1.390 metros por 45 metros, maior que a do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. A segunda fase, iniciada em 2025, inclui a construção de um terminal de passageiros de 4.800 m², acessos rodoviários e um pátio para até quatro aeronaves, com investimentos totais estimados em R$ 15,2 milhões.
Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, voos executivos já operam em 2025, enquanto voos comerciais regulares, com aeronaves como o ATR 42-600 e o Grand Caravan C208B, estão previstos para o início de 2026, transportando até 50 passageiros por voo. A iniciativa, apoiada pela prefeitura e pela Infraero, visa posicionar Guarujá como um hub de aviação regional, facilitando o acesso à Baixada Santista e complementando projetos como o túnel imerso Santos-Guarujá e a expansão do Porto de Santos.
A chegada do Aeroporto de Guarujá é vista como um divisor de águas para o turismo, prometendo reduzir a dependência da Rodovia dos Imigrantes, que sofre com congestionamentos em feriados, e atrair um novo perfil de visitantes, incluindo turistas nacionais e internacionais. No entanto, desafios como o impacto ambiental, a integração com o transporte local e a necessidade de infraestrutura urbana para suportar o aumento de visitantes levantam questões sobre a sustentabilidade do projeto. Este artigo explora como o Aeroporto de Guarujá transformará o turismo na cidade, analisando os benefícios econômicos, as melhorias na acessibilidade, os desafios ambientais e sociais, e as perspectivas para posicionar Guarujá como um destino global na Baixada Santista.

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Impacto Econômico do Aeroporto de Guarujá no Turismo
Crescimento do Fluxo Turístico
O Aeroporto de Guarujá, com operações comerciais previstas para 2026, tem o potencial de impulsionar significativamente o turismo na cidade. Guarujá já recebe cerca de 1,5 milhão de turistas por ano, segundo a Secretaria de Turismo municipal, com picos durante o verão e feriados como o Carnaval. A nova infraestrutura aérea permitirá voos diretos de cidades como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, reduzindo o tempo de viagem de 1h30 pela rodovia para cerca de 30 minutos por via aérea.
Essa conectividade atrairá turistas de maior poder aquisitivo, que buscam conveniência, e incentivará viagens de curta duração, como escapadas de fim de semana. A capacidade inicial do aeroporto, com aeronaves de até 50 passageiros, é modesta, mas estudos de demanda da Infraero projetam um crescimento para até 200.000 passageiros anuais nos primeiros cinco anos, semelhante ao impacto inicial de outros aeroportos regionais, como o de McKinney, no Texas.
O aumento do fluxo turístico beneficiará diretamente a economia local. Hotéis, pousadas e resorts, como o Sofitel Jequitimar, já registram ocupação média de 60% na alta temporada, e a chegada do Aeroporto de Guarujá pode elevar esse índice, especialmente em períodos de baixa temporada. Restaurantes na orla, como os da Praia da Enseada, e o comércio varejista, incluindo lojas de souvenirs e shoppings como o Shopping La Plage, também verão um incremento no faturamento.
Segundo a Associação Comercial de Guarujá, cada turista gasta, em média, R$ 600 por dia na cidade, e o aeroporto pode gerar um impacto econômico anual de até R$ 120 milhões nos primeiros anos, considerando 200.000 visitantes adicionais. Além disso, o Aeroporto de Guarujá criará cerca de 1.000 empregos diretos e indiretos, desde operadores de check-in até guias turísticos, fortalecendo a economia da Baixada Santista.
Oportunidades para Pequenos Negócios e Empreendedorismo
O Aeroporto de Guarujá também abrirá portas para o empreendedorismo local, especialmente em comunidades periféricas, como Vicente de Carvalho. A prefeitura, em parceria com o Sebrae, lançou em 2025 o programa “Guarujá Voa Alto”, que capacita moradores para atuar no turismo, oferecendo cursos de idiomas, atendimento ao cliente e produção de artesanato.
Pequenos negócios, como quiosques na Praia de Pitangueiras e feiras de produtos caiçaras, se beneficiarão do aumento de visitantes, enquanto novas agências de turismo receptivo estão surgindo para oferecer passeios às praias de São Pedro, Iporanga e outras áreas menos exploradas. A experiência de cidades como Tulum, no México, onde um novo aeroporto elevou o turismo em 2024, sugere que Guarujá pode atrair eventos culturais e esportivos, como festivais de música e campeonatos de surfe, impulsionando ainda mais a economia local.
A chegada do Aeroporto de Guarujá também estimulará o mercado imobiliário, já aquecido pela demanda por imóveis de temporada. Condomínios de luxo e plataformas como Airbnb reportam alta procura por casas e apartamentos nas praias de Enseada e Astúrias, e o aeroporto pode atrair investidores interessados em hotéis boutique e resorts.
No entanto, o crescimento econômico deve ser acompanhado por políticas de inclusão para evitar a concentração de benefícios em áreas centrais, como Pitangueiras, enquanto bairros como Perequê e Santa Cruz dos Navegantes permanecem à margem. O Aeroporto de Guarujá, se bem gerido, pode ser um catalisador para uma economia turística mais equitativa, promovendo oportunidades para toda a cidade.
Acessibilidade e Infraestrutura Turística
Melhorias na Conectividade Regional
O Aeroporto de Guarujá revolucionará a acessibilidade à Baixada Santista, reduzindo a dependência da Rodovia dos Imigrantes, que enfrenta congestionamentos crônicos em feriados, com até 1,2 milhão de veículos em semanas como o Carnaval. A pista de 1.390 metros, reformada em 2025, suporta aeronaves como o ATR 42-600, ideais para voos regionais, e a segunda fase das obras, incluindo o terminal de 4.800 m² e um estacionamento para 300 veículos, garantirá uma experiência fluida para os passageiros.
Voos executivos já operam em 2025, e a homologação para voos comerciais em 2026 permitirá conexões com hubs como São Paulo/Congonhas e Campinas/Viracopos, atraindo turistas de estados vizinhos e até de países próximos, como Argentina e Uruguai, via voos charters.
A integração com outros modais será crucial para maximizar o impacto do Aeroporto de Guarujá. A prefeitura planeja ampliar o sistema de transporte público, com linhas de ônibus conectando o aeroporto às praias e ao terminal de balsas Santos-Guarujá, enquanto o projeto do túnel imerso, previsto para 2028, facilitará o acesso a Santos e ao Porto, beneficiando cruzeiristas. A proximidade do Aeroporto de Guarujá com a Base Aérea de Santos minimiza a necessidade de desapropriações, mas exige coordenação com a Aeronáutica para gerenciar o tráfego aéreo.
A experiência de outros aeroportos regionais, como o de Hua Hin, na Tailândia, que se tornará um hub internacional em 2026, mostra que a conectividade aérea pode dobrar o fluxo turístico, e Guarujá está bem posicionada para replicar esse sucesso, desde que invista em infraestrutura complementar, como estradas e sinalização.

Desafios de Infraestrutura Urbana
Embora o Aeroporto de Guarujá prometa melhorar a acessibilidade, a cidade enfrenta desafios para suportar o aumento de turistas. O sistema de transporte público, com linhas de ônibus frequentemente lotadas, precisa de modernização, enquanto a oferta de táxis e motoristas de aplicativo pode ser insuficiente em períodos de pico.
A rede hoteleira, com cerca de 5.000 leitos, é limitada para um destino que aspira a atrair voos internacionais, e a falta de estacionamentos próximos às praias já gera reclamações. Além disso, a infraestrutura de saneamento, com cobertura de 90% em Guarujá, enfrenta problemas como ligações clandestinas, que contribuem para a poluição em praias como a do Tombo, afetando a experiência turística.
A prefeitura está respondendo com iniciativas como a revitalização da orla da Enseada, que inclui novos calçadões e iluminação, e a instalação de Postos de Informações Turísticas (PITs) com guias bilíngues, inspirados no modelo de Santos. No entanto, o Aeroporto de Guarujá exigirá investimentos adicionais em segurança, limpeza urbana e gestão de resíduos, especialmente em praias populares como Pitangueiras, que já enfrentam superlotação no verão.
A experiência de São Vicente com a poluição na Praia da Gonzaguinha destaca a importância de um plano integrado de infraestrutura para evitar que o aumento do turismo comprometa a qualidade ambiental e a satisfação dos visitantes.
Sustentabilidade e Impactos Sociais
Preservação Ambiental e Turismo Sustentável
O Aeroporto de Guarujá traz oportunidades, mas também desafios ambientais. A expansão do aeroporto, que inclui a ampliação da pista para 1.600 metros, foi submetida a estudos de impacto ambiental pela Cetesb, que exigiu medidas como a preservação de áreas de Mata Atlântica próximas à Base Aérea e a implementação de sistemas de drenagem para evitar erosão.
O aumento do tráfego aéreo e terrestre pode elevar as emissões de CO2, enquanto o fluxo de turistas pressiona ecossistemas sensíveis, como as praias de Iporanga e São Pedro, que têm acesso restrito para proteger a vegetação nativa. A poluição sonora, especialmente em bairros como Jardim Guaiúba, também é uma preocupação para os moradores.
Para mitigar esses impactos, a prefeitura está adotando práticas de turismo sustentável. O Aeroporto de Guarujá será equipado com lixeiras ecológicas e iluminação solar no terminal, enquanto o programa “Guarujá Verde” promove mutirões de limpeza nas praias e campanhas de conscientização para turistas. ONGs, como o Instituto EcoFaxina, estão monitorando a qualidade da água na baía de Guarujá, pressionando por melhorias no saneamento para evitar problemas como os enfrentados pela Praia da Gonzaguinha em São Vicente.
A experiência de Tulum, onde um novo aeroporto impulsionou o turismo, mas gerou preocupações ambientais, sugere que Guarujá deve priorizar a certificação de praias com bandeiras azuis e a capacitação de guias para promover o turismo responsável, garantindo que o Aeroporto de Guarujá contribua para um destino sustentável.
Inclusão Social e Identidade Cultural
O Aeroporto de Guarujá tem o potencial de promover a inclusão social, mas exige esforços para distribuir os benefícios do turismo de forma equitativa. Comunidades como Vicente de Carvalho e Perequê, historicamente marginalizadas, podem se beneficiar de empregos no aeroporto e no setor turístico, mas precisam de capacitação e acesso a oportunidades.
O programa “Guarujá Voa Alto” já treinou 150 moradores em 2025 para funções como recepcionistas e motoristas, mas a escala deve ser ampliada para atender à demanda projetada. Além disso, o aumento do custo de vida em áreas turísticas, como Pitangueiras, pode dificultar a permanência de trabalhadores de baixa renda, replicando desigualdades vistas em destinos como Santos durante o recorde de cruzeiros.
Culturalmente, o Aeroporto de Guarujá reforçará a identidade da cidade como a “Pérola do Atlântico”. A escolha do nome “Aeroporto Professor Gonçalves”, em homenagem a José Gonçalves dos Santos, um ícone da aviação brasileira, reflete o orgulho local e pode atrair visitantes interessados na história da aviação. Eventos como a Feira de Artesanato de Vicente de Carvalho e apresentações de cultura caiçara nas praias ganharão visibilidade com o aumento do turismo, fortalecendo a conexão dos moradores com sua herança.
No entanto, a comercialização excessiva do turismo, como visto em outras cidades litorâneas, deve ser evitada para preservar a autenticidade de Guarujá. O Aeroporto de Guarujá pode ser um vetor de inclusão e orgulho cultural, desde que acompanhado por políticas que priorizem a comunidade local.

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Conclusão
O Aeroporto de Guarujá, com operações comerciais previstas para 2026, marca um momento histórico para a cidade, prometendo transformar o turismo e posicionar a “Pérola do Atlântico” como um destino acessível e global. A nova infraestrutura aérea, com uma pista moderna e um terminal de 4.800 m², reduzirá o tempo de viagem de São Paulo para 30 minutos, atraindo turistas de maior poder aquisitivo, incentivando viagens de curta duração e gerando um impacto econômico estimado em R$ 120 milhões anuais nos primeiros anos.
Hotéis, restaurantes, comércio e pequenos negócios se beneficiarão do aumento de visitantes, enquanto programas como “Guarujá Voa Alto” promovem a inclusão de comunidades periféricas, criando empregos e oportunidades de empreendedorismo. A integração com projetos como o túnel imerso Santos-Guarujá e a expansão do Porto de Santos reforça o papel do Aeroporto de Guarujá como um catalisador para o desenvolvimento da Baixada Santista.
No entanto, o sucesso do Aeroporto de Guarujá depende de superar desafios significativos. A infraestrutura urbana, incluindo transporte público e saneamento, precisa de modernização para suportar o aumento de turistas, enquanto a pressão sobre praias e ecossistemas exige medidas de sustentabilidade, como lixeiras ecológicas e campanhas de conscientização.
A poluição sonora e o risco de desigualdades econômicas, com benefícios concentrados em áreas centrais, requerem planejamento cuidadoso para garantir que o turismo seja inclusivo e respeite a identidade cultural de Guarujá. A experiência de outros destinos, como Tulum e Hua Hin, mostra que aeroportos regionais podem dobrar o fluxo turístico, mas também gerar impactos ambientais e sociais se não forem bem geridos.
A longo prazo, o Aeroporto de Guarujá tem o potencial de reposicionar a cidade como um hub turístico de classe mundial, atraindo voos internacionais e eventos de grande porte, como festivais e congressos. A preservação das 27 praias, a valorização da cultura caiçara e a inclusão de comunidades como Vicente de Carvalho serão fundamentais para que o turismo impulsione o desenvolvimento sustentável.
Com investimentos contínuos, parcerias entre a prefeitura, a Infraero e a comunidade, e um compromisso firme com a sustentabilidade, o Aeroporto de Guarujá pode transformar a cidade em um modelo de turismo acessível, inclusivo e ambientalmente responsável. O Aeroporto de Guarujá não é apenas uma nova porta de entrada; é um convite para que a cidade voe alto, conectando sua história, suas belezas naturais e seu povo a um futuro de prosperidade e orgulho.
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